sexta-feira, 20 de maio de 2016

Vigésimo dia de meditação do mês de Maria

20 a formação da moça católica

Maria é realmente a esperança dos pecadores
Depois que Deus criou a terra, criou também dois luzeiros. Um maior, isto é, o Sol, para que alumiasse de dia. Outro menor, isto é a Lua, para que brilhasse à noite (Gn 1, 16). O Sol, diz o Cardeal Hugo, é a figura de Jesus Cristo, de cuja luz gozam os justos que vivem no dia da divina graça. A Lua é figura de Maria, por meio da qual são iluminados os pecadores que vivem na noite do pecado. Já que Maria é esta Lua propícia aos miseráveis pecadores, se algum miserável, diz Inocêncio III, se acha imerso nesta noite de culpa, que há de fazer? Aquele que perdeu a luz do Sol, perdendo a divina graça, volte-se para a Lua, faça oração a Maria; dela receberá luz para conhecer a miséria de seu estado e força para deixá-lo imediatamente. Garante-nos S. Metódio que os rogos de Maria convertem continuamente uma quase inumerável multidão de pecadores.
Um dos títulos com que a Santa Igreja saúda Maria, e que muito anima os pobres pecadores, é aquele da Ladainha: Refúgio dos pecadores.
Havia na Judéia, outrora, cidades de refúgio, nas quais os culpados podiam abrigar-se e ficavam a salvo das penas merecidas. Agora já não há tantas cidades de refúgio como antigamente. Só há uma que é Maria Santíssima, da qual foi dito: Coisas gloriosas se tem dito de ti, ó cidade de Deus (Sl 86, 3). Existe aqui uma diferença, porém. Nas antigas cidades de refúgio não havia asilo para todos os culpados, nem para toda sorte de delitos, enquanto que sob o manto de Maria acham refúgio todos os pecadores e toda espécie de delito. Basta que se recorra a ela, para se estar a salvo. Sou cidade de refúgio para todos que a mim recorrem, faz S. Damasceno dizer nossa Rainha. Só se exige que a ela se recorra. “Ajuntai-vos e entremos na cidade fortificada e guardemos aí silêncio” (Jr 8, 14). Esta cidade fortificada em graça e em glória.
“Guardemos aí silêncio” – a isso observa a Glossa: Já que nós não temos de pedir ao Senhor, basta que entremos nesta cidade, e nos calemos; porque Maria falará e rogará por nós. Exorta por isso Benedito Fernandes todos os pecadores a refugiarem-se sob o manto de Maria, dizendo: Fugi, ó Adão, ó Eva, fugi, ó filhos seus que tendes ofendido a Deus, fugi e refugiai-vos no seio desta boa Mãe. Não sabeis que é ela a única cidade de refúgio e a única esperança dos pecadores? Também nos sermões atribuídos a S. Agostinho, Maria é chamada nossa única esperança.
Da mesma forma exprime-se S. Efrém: Vós sois a única advogada dos pecadores e daqueles que precisam de todo o socorro. Eu vos saúdo como asilo e refúgio no qual ainda podem os pecadores achar salvação e acolhimento. E isto precisamente Davi queria dizer com as palavras: Ele me põe a coberto no escondido do seu tabernáculo (Sl 26, 5). E quem é este tabernáculo de Deus, senão Maria, como a chama André de Creta? “Tabernáculo feito por Deus, em que só Deus entrou para cumprir os grandes mistérios da Redenção”.
Diz a este propósito o grande Padre da Igreja S. Basílio, que o Senhor nos deu Maria como um hospital público, onde se podem recolher todos os enfermos, que são pobres e desamparados de todos os socorros. Ora, pergunto eu, quais são os que mais direito têm a ser admitidos nos hospitais destinados aos indigentes? Não são porventura os mais pobres e mais enfermos? Portanto, quem se achar mais pobre, isto é, mais despido de merecimentos, e mais oprimido das enfermidades da alma, que são os pecados, pode dizer a Maria: Senhora, vós sois o refúgio dos enfermos pobres; não me desampareis. Pois, sendo eu o mais pobre de todos, tenho mais razão para que me aceiteis. Digamos com S. Tomás de Vilanova: Ó Maria, nós, miseráveis pecadores, não sabemos achar outro refúgio fora de vós. Sois nossa única esperança, a quem confiamos a nossa salvação; perante Jesus Cristo sois nossa única advogada, a quem nos dirigimos.
Astro precursor do Sol é Maria, nas revelações de S. Brígida. Quer isto dizer: Quando em uma alma pecadora desponta a devoção a Maria, é sinal certo que dali a pouco Deus a virá enriquecer com a sua graça. Para avivar nos pecadores a confiança na proteção de Maria, recorre o glorioso S. Boaventura à imagem de um mar agitado pela tempestade. Os pecadores já caíram da nau da divina graça e são carregados, de todos os lados, sobre as ondas, pelos remorsos de consciência e pelo temor da justiça de Deus, sem luz nem guia. Já estão próximos de perder toda a esperança, prestes a desesperar. Eis que neste momento o Senhor lhes mostra Maria, chamada comumente Estrela do mar, e brada-lhes: Pobres pecadores, que já estais quase perdidos, não desespereis; volvei os olhos para esta formosa Estrela e confiai; pois Maria vos livrará desta tempestade e vos conduzira ao porto da salvação.
O mesmo diz S. Bernardo: Se não queres ficar submergido das tempestades, olha para a Estrela e chama por Maria para que te socorra. Pois, como diz Blósio, é ela a única salvação de quem ofendeu a Deus, o único refúgio de todos os tentados e atribulados. – Esta Mãe de misericórdia é toda benigna, toda suave, não só para com os justos, mas também para com os pecadores e desamparados. Logo que os vê recorrer a ela, pedindo de coração seu auxílio, prontamente os socorre, acolhe-os e obtém-lhes o perdão de seu Filho. A ninguém desdenha, por mais indigno que seja. A ninguém sonega a sua proteção, a todos consola e, apenas é chamada, já está presente. Com a sua bondade muitas vezes atrai à sua devoção os afastados de Deus e desperta-s da letargia do pecado. Por este meio dispõem-se eles a receber a graça e tornam-se finalmente dignos da eterna glória. De coração compassivo e tão amável dotou o Senhor esta sua filha predileta, que ninguém pode recear recorrer à sua intercessão. Enfim, conclui o piedoso Blósio, não é possível que se perca quem com diligência e humildade cultiva a devoção para com a divina Mãe.
ORAÇÃO
Venero, ó Santíssima Virgem Maria, o vosso puríssimo Coração, delícia e repouso de Deus. coração todo cheio de humildade, de pureza e de amor divino. Infeliz pecador, venho a sós com o coração todo manchado e chagado. Ó Mãe de piedade, não me desprezeis por me vedes assim, mas redobrai de compaixão e socorrei-me. Não busqueis em mim para ajudar-me nem virtude, nem méritos. Estou perdido e só mereço o inferno. Peço-vos que só olheis para a confiança que tenho em vós e para o propósito em que estou de emendar-me. Diante de vossos olhos coloco o quanto Jesus fez e padeceu por mim. Abandonai-me, se fordes capaz.
Apresento-vos todos os sofrimentos de sua vida, o frio que padeceu no presépio, a sua fuga para o Egito, o sangue que derramou, a pobreza, os suores, a tristeza, a morte que suportou por meu amor, estando vós presente. E por amor de Jesus empenhai-vos em salvar-me.
Ah! Minha Mãe, não quero nem posso recear ser repelido, agora que recorro a vós e vos peço que me ajudeis. Se isto temesse, faria injúria a vossa misericórdia, que anda buscando miseráveis para os socorrer. Senhora, não recuseis vossa piedade àquele a quem Jesus não recusou seu sangue. Mas os merecimentos deste sangue não me serão aplicados, se não me recomendardes a Deus. De vós, pois, espero a minha salvação. Eu não vos peço riquezas, honras, nem outros bens da terra; peço-vos a graça de Deus, o amor para com vosso Filho, o cumprimento de sua vontade, e o paraíso para amá-lo eternamente. Será possível que não me ouçais? Não; vós já me entendestes, assim espero. Já me procurastes a graça que pretendo. Já me tomastes sob vossa proteção. Minha mãe, não me deixeis; continuai a rogar por mim até me verdes salvo no céu, para louvar e render-vos as devidas graças eternamente. Amém.
Trecho da meditação é retirado do livro “Glórias de Maria”, de Santo Afonso de Ligório.
Parte I, explicação da Salve Rainha – As abundantes e numerosas graças dispensadas pela Mãe de Deus aos que a servem devotamente.
Cap. III Esperança Nossa, Salve – Maria é a esperança de todos os homens – .

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