segunda-feira, 10 de março de 2014

O Poema de Anchieta sobre a Virgem Maria Mãe de Deus”

(…)
Ó Virgem, humilde, singela e prudentíssima
por que o temor da dúvida assim te apregoa?
Justamente porque és humilde: e humilde
tudo temes de tua ingenuidade:
por demais ingênuo, o coração da jovem
deixa-se enredar às vezes, em diversos ardis
Tudo temes em tua prudência:
Tu, ponderando tudo à sua luz,
temes que alguma aragem de pecado
Te bafeje a alma,
e que, prestando-lhe atenção, como Eva à serpente,
venhas a cair em suas malhas.
Porém nenhum laço há aqui: o céu não engana:
não há na cidade de Deus lugar para a mentira.
Não há, aqui, monstro algum
que te engane em música falaz,
que te cegue os olhos d´alma,
como à primeira mulher.
Já o Senhor pôs em ti o seu olhar:
do alto da esfera celeste, sua pupila
descansa nas pequenezes desta Terra.
Quanto mais te crê indigna,
tanto mais digna te ergues para o Céu,
e tua fronte brilha, quanto mais se esconde.
A simplicidade humilde e a humildade simples
do teu pensar
enamora o Espírito de Deus.
Por que te admiras de te fazerem
Rainha no Céu,
Se estás sempre a escolher, na Terra,
o último lugar?
De admirar seria
Se tivesses o peito entumecido de soberba
e se, apesar disso, o Senhor te contemplasse.
Abre, portanto, o coração confiante
à mensagem celeste:
quanto é de ti mais digna, tanto menos deve temê-la.
— “O Poema de Anchieta sobre a Virgem Maria Mãe de Deus” (“De Beata Virgine Matre Dei Maria”) / José de Anchieta, 1534-1597; Tradução portuguesa em ritmos de Armando Cardoso; 5ª Edição, Editora Paulinas, São Paulo, 1996.

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