sábado, 29 de setembro de 2012

'A PALAVRA DE UM HOMEM OPERA O SACRIFICIO"



Admirai-vos, talvez, de me ouvir dizer que a Missa é uma
obra maravilhosa? E não é, com efeito, inefável maravilha o
que opera a palavra de um humilde sacerdote? Que língua
angélica ou humana poderia explicar poder tão excessivo?
Quem, jamais, pode imaginar que a palavra de um homem, que
não tem, naturalmente, a força de levantar da terra uma palha,
receberia da graça o poder surpreendente de fazer descer do
Céu o Filho de DEUS?

Aí está um poder maior que o de transportar montanhas,
esgotar o mar e abalar os céus; poder comparável, de certo
modo, àquele primeiro Fiat com que DEUS fez surgir do nada
todas as coisas, e que pode mesmo parecer sobrepujar, em
outro sentido, aquele Fiat pelo qual a Virgem Santíssima atraiu
a seu seio o Verbo Divino.
A Virgem Maria nada mais fez que fornecer a matéria do corpo
de Cristo dela formado, sem dúvida, isto é, de seu puríssimo
sangue, mas não por ela nem por sua operação: enquanto que
a voz do sacerdote, sendo instrumento de CRISTO no ato da
consagração, O reproduz de um modo novo e admirável, quer
dizer, sacramentalmente e isto tantas vezes quantas consagra.
O bem-aventurado João, o Bom, de Mântua, levou um
eremita seu companheiro a compreender esta verdade. Este
não conseguia persuadir de que a palavra de um padre tivesse
o poder de mudar a substância do pão, no Corpo de JESUS
CRISTO, e a do vinho em seu Sangue; e, o que é mais
deplorável, tinha cedido a essa tentação diabólica. O servo de
DEUS percebeu o erro do companheiro, e, conduzindo-o a
beira de uma fonte, aí encheu de água uma taça e deu-lhe de
beber.
Depois de sorver toda a água, o outro confessou que jamais,
em toda a sua vida, provara um vinho tão delicioso. Então João,
o Bom, disse-lhe: “Não vedes o milagre, meu querido irmão?
Se, por meio de um miserável como eu, a água se mudou em
vinho pela onipotência divina, quanto mais deveis crer, por meio
das palavras do sacerdote, que são palavras de DEUS, o pão e
o vinho mudam-se no Corpo e Sangue de JESUS CRISTO?
Quem ousaria jamais pôr limites à onipotência de DEUS?”
Bastou isso para dissipar o engano do eremita, que,
expulsando de seu espírito toda a dúvida, fez grande penitência
por seu pecado.
Um pouco de fé, mas de fé viva, e confessaremos que
inúmeras são as prodigiosas prerrogativas contidas neste
admirável Sacrifício.
Aí veremos, com admiração, renovar-se-á a toda hora este
prodígio da sagrada humanidade de JESUS CRISTO presente
em milhares e milhares de lugares, e gozando, por assim dizer,
de uma sorte de imensidade que não possui nenhum outro
corpo, e só a ela reservada em recompensa do sacrifício de sua
vida que Ele fez a DEUS Altíssimo.
Um espírito, falando pela boca de uma pessoa, fez com
que um judeu incrédulo compreendesse esta verdade, por meio
de uma comparação material e grosseira. O homem achava-se
numa praça com muitas pessoas, entre as quais a mulher
possessa. Nesse momento passou um padre que levava o
Santo Viático a um doente. Todos os presentes se ajoelharam e
prestaram homenagem ao Santíssimo Sacramento. Só o judeu
ficou imóvel e não deu sinal algum de respeito. Vendo isso, a
mulher levantou-se furiosa, arrancou-lhe o chapéu e deu-lhe um
vigoroso bofetão, dizendo-lhe.
“Desgraçado, porque não te prostras diante do verdadeiro
DEUS presente neste Divino Sacramento?” – “Que DEUS?”,
replicou o judeu. “Se fosse verdade, a conseqüência seria
haver muitos deuses, pois, ao celebrarem a Santa Missa ele
estaria em cada um dos vossos altares”.
A estas palavras, o espírito, que habitava naquela mulher,
tomou um crivo e opondo-se ao sol, disse ao judeu que olhasse
os raios filtrando-se pelos buracos. Em seguida ajuntou: “Dizeme,
judeu, há então muitos sóis passando pelas aberturas
deste crivo, ou um só?” E, à resposta do judeu de que não
havia senão um sol, a mulher replicou.

“Por que te espantas, então, de que DEUS, feito Homem
e feito Sacramento, possa ter, por um excesso de amor, uma
presença real e verdadeira sobre vários altares, permanecendo,
no entanto, uno, indivisível e imutável?” Foi o suficiente para
confundir a incredulidade do judeu, que por esse raciocínio se
viu constrangido a confessar a verdade de nossa Fé.
Ó santa Fé! Apenas um raio de tua luz, e exclamaremos
com fervor: Quem ousaria estabelecer limites à onipotência de
DEUS?
Nesta grande concepção que tinha do poder de DEUS, Santa
Teresa dizia, muitas vezes, que quanto mais sublimes eram os
mistérios de nossa fé, e profundos e impenetráveis à nossa
inteligência, com tanto mais força e felicidade neles acreditava,
sabendo bem que DEUS todo-poderoso pode fazer prodígios
infinitamente maiores.
Reanimai, espontaneamente, vossa fé e confessai que
este Divino Sacramento é o milagre dos milagres, a maravilha
das maravilhas, e que sua maior excelência consiste em
ultrapassar nossa pobre inteligência. E tomados de admiração
dizei e repeti muitas vezes: Oh! Que grande tesouro! Que
imenso tesouro!
Se, porém, sua excelência prodigiosa não vos comove,
que vos toque, ao menos, sua soberana necessidade.

LEONARDO DE PORTO-MAURÍCIO
da Ordem dos Frades Menores
AS EXCELÊNCIAS
DA
SANTA MISSA




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